Na primeira reunião do ano, discussões sobre precificação de risco soberano e corporativo, tendências do mercado internacional em finanças verdes e o lançamento de Critérios para o setor agrícola.
Do que se trata?
Investidores internacionais e membros executivos da Iniciativa Brasil de Finanças Verdes (BGFI), que representam mais de US$ 73,92 bilhões em ativos sob gestão, se reuniram semana passada na sede da Zurich Brasil em São Paulo para discutir tendências do mercado internacional, regulamentação para seguradoras, alocação de investimentos no Brasil e o pipeline de agricultura sustentável brasileira.
Alguns destaques da reunião foram trazidos por nossos convidados especiais, Sr. Knut Kjaer e Sr. Ulf Erlandsson. Ex-CEO da Norges Bank Investment Management, Sr. Kjaer é atualmente presidente da FSN Capital. Durante a reunião, Sr. Kjaer forneceu ao grupo estratégias para que investidores possam reduzir a intensidade de carbono nas carteiras por meio do mercados de títulos. Ulf Erlandsson, CIO da Diem Green Credit, seguiu com uma discussão sobre a mitigação de riscos financeiros e o vínculo com títulos do governo.
É consenso entre os membros que a crise climática será um dos principais impulsionadores do mercado na próxima década, com os títulos verdes atuando como uma apólice de seguro essencial. Os países e empresas que se posicionarem na vanguarda do investimento em baixo carbono terão, portanto, uma vantagem para a resiliência econômica a longo prazo.
Durante a reunião, nossos convidados também receberam uma atualização das recentes mudanças regulatórias em relação às alocações de investimentos para o setor de seguros (CMN 4.444), bem como os mais recentes desenvolvimentos no mercado internacional de títulos verdes, após um ano recorde de emissões em 2019. Guilherme Scheffer, Diretor Financeiro do Grupo Scheffer, falou sobre a estratégia de sua empresa para aumentar as práticas de sustentabilidade em suas operações e possíveis áreas de investimento para títulos verdes.
No dia seguinte ao encontro do BGFI, Membros do Subcomitê de Agricultura se reuniram no Mattos Filho Advogados para discutir os últimos desenvolvimentos no setor. Isso incluiu uma visão geral das atividades sob o Memorando De Entendimento assinado recentemente entre a CBI e o Ministério da Agricultura e uma apresentação em primeira mão dos Critérios para Agricultura do Climate Bonds Standards, atualmente em consulta pública até 31 de março. Espera-se que a publicação dos Critérios, no segundo semestre de 2020, incentive a emissão de títulos verdes para a produção agrícola e pecuária.
Durante a reunião, os membros do Subcomitê também compartilharam suas expectativas para o próximo ano, incluindo a educação do mercado entre diferentes partes interessadas (emissores, estruturas e intermediários) sobre títulos verdes e oportunidades de investimento sustentáveis. Isso está relacionado ao desenvolvimento do Roteiro de Investimento em Agricultura Sustentável do Subcomitê, que deve ser lançado até o final de maio, com uma apresentação de pipeline para os investidores.
Quem está dizendo o quê?
John Liu, Diretor Executivo de Investimentos, Zurich Brasil
“Com os recentes eventos de mudanças climáticas, estamos vendo declarações de grandes gerentes de ativos preocupados com investimentos responsáveis, além de um foco maior na sustentabilidade no último Fórum Econômico Mundial em Davos. Dito isso, em 2020 continuaremos a colocar nossos esforços naa promoção dos benefícios de trabalhar com investimentos verdes".
Fabio Coelho, Presidente, AMEC
"A maioria dos investidores institucionais no Brasil ainda não tem conhecimento dos impactos das mudanças climáticas sobre as finanças globais. A educação sobre as ferramentas de financiamento verde disponíveis hoje e os resultados positivos que elas podem trazer ao mercado são mais urgentes do que nunca."
Guilherme Scheffer, Diretor Financeiro, Grupo Scheffer
"A maior dificuldade hoje para os produtores brasileiros que querem ser ecológicos é combinar as ferramentas sustentáveis que já existem. Acreditamos que os investidores ainda precisam ser educados sobre o assunto para ter mais emissões no setor. Nós, do Grupo Scheffer, consideramos a emissão de títulos verdes como uma possibilidade, não apenas para melhorar nossa reputação, mas também para oferecer um produto de melhor qualidade".
Knut N. Kjaer, Presidente da FSN Capital e Presidente Executivo da Sector Asset Management
“Os títulos verdes são uma ferramenta importante, pois têm capacidade direta para financiar projetos de redução de carbono. São também uma maneira de começar a integrar tópicos climáticos em uma organização de investimento. O mercado de renda fixa é central para fornecer o que vemos como capital muito barato aos setores fósseis. Entender e mudar isso será um fator-chave do desempenho do investimento, bem como do impacto climático positivo.”
Ulf Erlandsson Ph.D., CIO, Diem Green Credit
“A América Latina e o Brasil estão entre os mais fortes mercados de títulos verdes. Acreditamos que uma sólida governança na estrutura atrairá mais investidores para o mercado da região ".
Justine Leigh-Bell, Vice-CEO Climate Bonds Initiative
“O Brasil continua liderando emissões verdes e adoraríamos ver mais, particularmente no agronegócio. Continuamos a acreditar que o setor privado e as indústrias brasileiras têm um enorme potencial".
"A Iniciativa é um recurso para o mercado, particularmente uma rede de apoio à comunidade de investidores, e continuaremos a fortalecê-la conectando investidores e emissores no país entre os principais setores, especificamente nos setores de Agricultura, Infraestrutura e Energia".
Finalmente
O ano de 2019 foi bom para a América Latina. Dos títulos verdes soberanos do Chile à primeira emissão do Caribe, a região atualmente acumula US$15.6 bilhões em emissões de títulos verdes até dezembro de 2019.
Queremos mais, claro! Será possível alcançar US$ 20 bilhões no primeiro semestre de 2020? Fique ligado!
Até mais,
Climate Bonds
