Títulos verdes e outros títulos rotulados combateram a inflação para acumular US$ 858.5 bilhões em 2022
BRASÍLIA, 19/04/2023, 09:00 BRT: A Climate Bonds Initiative registrou US$ 858,5 bilhões de novas emissões verdes, sociais, de sustentabilidade, ligados à sustentabilidade e de transição (VSS+) em 2022. Esse número é 24% abaixo dos US$ 1,1tn registrados em 2021, marcando a primeira vez que os volumes de VSS+ caíram ano a ano em uma década.
O ano de 2022 testemunhou uma contração de todo o mercado global de títulos, pois a alta da inflação fez com que os mercados de renda fixa enfraquecessem. Em um ano de volatilidade, os VSS+ mantiveram sua participação de 5% nos volumes do mercado de títulos, assim como em 2021. Isso é o que mostra o relatório Dívida Sustentável, Estado do Mercado Global (disponível em inglês), lançado hoje pela Climate Bonds Initiative, com o apoio do Citi Bank, IFC e JP Morgan.
Dentre os títulos temáticos, o verde continua sendo o tema dominante, ocupando 58% do total com volumes de US$ 487,1 bilhões, uma queda de 16% em relação aos volumes de US$ 582,4bi de 2021. O tema social sofreu a maior queda, de US$ 219,5bi para US$ 130,3bi, representando diminuição de 41%. Os emissores não estão mais explorando o mercado de dívida para financiar a recuperação da COVID-19, preferindo a combinação de receitas sociais e ambientais sob o selo de sustentabilidade – embora o rótulo de sustentabilidade tenha caído 21%, de US$ 204,1 bilhões em 2021 para US$ 161,3 bilhões em 2022.
Os volumes de títulos ligados à sustentabilidade (SLBs) caíram 32%, de US$ 112,1 bilhões em 2021 para US$ 76,4 bilhões em 2022. A transição foi o único tema a demonstrar crescimento, expandindo 5% em relação ao ano anterior, de US$ 3,2bi para US$ 3,5bi. Isto reflete o forte apoio político que o selo recebeu na China e no Japão. O número de emissões aumentou 178%, foi de nove em 2021 para 25 em 2022. A Climate Bonds atualizou recentemente o Climate Bonds Standard, com a última versão esboçando padrões líderes para estes dois rótulos de alto potencial.
Sean Kidney, CEO da Climate Bonds Initiative disse: "O mercado de títulos verdes oferece uma oportunidade para que países e empresas financiem um futuro climático consciente e evitem o declínio de nosso planeta. O ano de 2022 refletiu uma mudança no cenário macroeconômico, em que o aumento das taxas de inflação fez com que a renda fixa vacilasse e colocasse pressão sobre as finanças globais. Os picos da inflação se tornarão cada vez mais comuns à medida que a produção global for obstruída pelo caos climático.”
Estudo de Caso do Brasil: Oakberry emite título sustentável para agricultura
A Oakberry é uma empresa brasileira de processamento de alimentos que produz opções saudáveis de fast-food com produtos de origem brasileira. Famosa sobretudo pelo seu açaí, os projetos com resultados de resiliência pretendidos se enquadram principalmente na categoria de A&R (adaptação & resiliência) social, ou seja, a criação de sistemas sociais mais robustos. Por meio da True Securitizadora, a Oakberry emitiu um título de sustentabilidade de R$ 50 milhões/US$ 9,3 milhões com maturidade até 2027, focado na gestão ambientalmente sustentável dos recursos naturais vivos e uso da terra (GBP). O processo envolve os setores da agricultura e silvicultura, ou seja, atividades florestais que reduzem a perda de carbono ou aumentam o estoque florestal.
A Oakberry tem como objetivo utilizar títulos de sustentabilidade para a agricultura e produção sustentável que apoiem os pequenos agricultores e a agricultura familiar na comunidade ribeirinha na região amazônica onde a empresa comprará açaí. Além da colheita sustentável, o emissor visa promover e investir em infraestrutura educacional e criar acesso a outros serviços básicos para garantir os direitos humanos da população local, incluindo saúde, água limpa e segura, acesso a serviços financeiros e a inclusão da mulher em programas de treinamento e tomada de decisão.
Estado do Mercado na América Latina e Caribe e outras regiões
A tendência global de investimentos sustentáveis continua a ganhar força, com emissões de sete regiões em 2022. Entre elas, a América Latina e o Caribe mostraram um aumento de 5% em 2022, com foco na emissão de títulos de sustentabilidade, ressaltando o potencial da região para desbloquear investimentos em fundos de pensão através do desenvolvimento dos mercados de moeda local. Só neste ano, foram emitidos títulos nas moedas locais do México, Brasil e Chile. Na medida em que o foco do mundo mudar para um futuro mais sustentável, a emissão de títulos de sustentabilidade desempenhará um papel cada vez mais importante na formação de nossas economias e na preservação do planeta para as gerações futuras.
Além disso, o Banco Nacional Saudita fez sua estreia no mercado com um sukuk de sustentabilidade de US$ 750 milhões, sinalizando o crescente interesse do Oriente Médio pelo setor. Os fundos captados com o título serão utilizados para financiar projetos de energia renovável e a gestão de recursos naturais, promovendo um futuro mais verde e mais sustentável. Enquanto isso, os emissores supranacionais ocuparam o primeiro lugar no ranking regional, com a Europa e a Ásia-Pacífico seguindo de perto.
A resiliência pode ajudar a alcançar 5 trilhões de dólares até 2025
A emissão acumulada de títulos verdes atingiu US$ 2,2 trilhões até o final de 2022, mas a Climate Bonds reforça a necessidade de uma emissão anual de pelo menos US$ 5tri até 2025 para o alcance das metas estabelecidas no Acordo de Paris. A persistente falta de oferta tem sido um obstáculo fundamental para alcançar esta meta. Há uma tremenda oportunidade em suprir a demanda não atendida, ampliando os fluxos de capital para investimentos em resiliência. Ao fornecer regras e definições claras ao mercado, o universo atual de investimentos verdes pode ser expandido para incluir aqueles que criam resiliência.
Esta expansão irá além dos investimentos que reduzem os impactos físicos diretos de condições climáticas extremas, e inclui investimentos que abordam a vulnerabilidade subjacente das pessoas e dos ecossistemas às mudanças climáticas. A Climate Bonds está empenhada em desenvolver este mercado, conforme descrito na seção 8 do relatório.
Acesse o relatório aqui.
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Notas para os Jornalistas:
Sobre a Climate Bonds Initiative: A Climate Bonds Initiative é uma organização sem fins lucrativos voltada para o investidor que promove investimentos em larga escala na economia de baixo carbono - mais informações estão em nosso site aqui.
Agradecimentos: A Climate Bonds gostaria de agradecer ao Citi Bank e ao IFC por seu patrocínio e apoio na produção deste relatório.