A Climate Bonds Initiative anunciou a expansão do Climate Bonds Standard para a indústria química de base, trazendo clareza e credibilidade aos investimentos de transição para este setor de difícil abatimento de carbono (hard-to-abate sector).
O lançamento de critérios para o setor de químicos básicos marca um ponto de virada significativo no esforço global de transição das indústrias de alta emissão, para atingir o net-zero (emissões zero líquidas) e o alinhamento com os objetivos climáticos.
Além disso, os critérios para produtos químicos básicos marcam uma expansão estrutural dos Critérios Setoriais das Normas da Climate Bonds para além das obrigações de uso de recurso para produtos químicos. Eles permitem a potencial certificação de entidades inteiras, Títulos Vinculados à Sustentabilidade (Sustainability Linked-Bonds) e ativos, alinhados com os objetivos climáticos.
O critério para químicos básicos é o segundo de uma série de novos Critérios Setoriais, concebidos para facilitar a transição industrial. Os critérios para a indústria cimenteira foram divulgados no início deste mês. Os critérios para o aço e hidrogênio estão atualmente em desenvolvimento e estarão disponíveis para certificação antes do final do ano.
Os critérios químicos básicos foram formalmente aprovados pelo Climate Bonds Standards Board em agosto deste ano. Emissores interessados podem agora obter a certificação neste setor de alto rendimento, demonstrando ao mercado que as suas obrigações cumprem as melhores práticas da indústria para a mitigação e resiliência das mudanças climáticas, bem como para a gestão dos rendimentos e transparência.
Mais informações sobre o processo de certificação, bem como sobre os critérios específicos, podem ser encontradas no site da Climate Bonds Initiative.
Financiando a Transição: O caminho para net-zero
A Climate Bonds está trabalhando para facilitar a transição em larga escala da economia em conformidade com os objetivos net-zero. Para o efeito, todos os setores da economia se ajustarão para operar eficazmente em uma economia de baixo carbono. Muitos setores - especialmente os que possuem elevadas emissões de carbono, como a produção química básica - terão de reformular e transformar fundamentalmente a sua estratégia à luz dos desafios de um clima em mudança.
Estes setores da indústria pesada (por vezes referidos como de “difícil abatimento de carbono”) necessitam de definições verdes para facilitar os fluxos financeiros tanto quanto qualquer outro setor. Não só existe um movimento considerável por parte da indústria no sentido de reduzir as suas emissões, como também existe hoje muito mais compreensão sobre o que é uma transição alinhada a 1,5ºC tanto para a indústria de cimento como para os produtos químicos.
Ao estabelecer normas para indústrias com elevadas emissões, como a de químicos básicos, as Climate Bonds proporciona clareza aos investidores que procuram apoiar transições confiáveis, bem como demonstrar as melhores práticas para os produtores que pretendem descarbonizar as suas indústrias.
Os critérios de transição são construídos com base nos Cinco Princípios para uma transição confiáveis, estabelecidos no documento "Financing Credible Transitions" da Climate Bonds.
Estes Princípios lançam as bases para um rótulo de Transição que moverá o investimento de forma decisiva e permitirá aos investidores facilmente encontrar investimentos à prova do clima (e evitar potenciais críticas de greenwashing - lavagem verde).
Produtos químicos básicos
O setor químico é o maior utilizador industrial de energia, sendo responsável por 30% do consumo de energia. É um dos maiores emissores, com cerca de 4- 5% das emissões globais de Gases de Efeito Estufa. Os produtos químicos básicos são a base de milhares de produtos e materiais. Esses químicos incluem olefinas, aromáticos, metanol e amônia, com volume mais significativo e o consumo de energia representando cerca de 60% do consumo de energia da indústria química. A descarbonização dos produtos químicos básicos será essencial para reduzir as emissões deste setor industrial.
Dada a importância e o crescimento esperado do volume do mercado e a contribuição das emissões diretas da produção química, é urgente promover investimentos para descarbonizar este setor que depende fortemente de recursos fósseis virgens. Algumas das tecnologias e medidas para descarbonizar este sector são a CAC , a CCU, a eletrificação, a substituição de combustíveis e a substituição de matéria-prima. Estima-se que a descarbonização global da indústria química e petroquímica exigirá 63 mil milhões de euros daqui até 2050 (divididos em 26 mil milhões para novas instalações químicas e 37 mil milhões para o fornecimento de energia).
Os critérios avaliarão os investimentos em medidas de descarbonização, atividades de reconversão, instalações de produção com baixo teor de carbono, e segmentos empresariais de empresas químicas dedicadas à produção de produtos químicos de base no seu âmbito. Além disso, os critérios têm dois componentes principais: primeiro, critérios de mitigação, que incluem parâmetros de referência de intensidade de carbono que aumenta a eficiência seguindo uma trajetória de descarbonização alinhada com o acordo de Paris. Além disso, requisitos específicos de sustentabilidade para as diferentes medidas de descarbonização implementadas dentro de uma instalação de produção. Segundo, os critérios de adaptação e resiliência que cobrem os potenciais riscos climáticos dos ativos químicos, incluindo os que são relacionados com o armazenamento e gestão de substâncias perigosas.
Certificação em nível de entidade: Novos Horizontes para Títulos Climáticos
Os Critérios de Produtos Químicos Básicos estão entre os primeiros critérios da Climate Bonds capazes de certificar mais do que apenas Títulos de Uso de Recursos.
Atualmente, está sendo realizada uma consulta pública sobre uma atualização do Climate Bonds Standard. Isto permitirá a certificação de Títulos Vinculados à Sustentabilidade (SLBs) e entidades inteiras. Deste modo, os Critérios de Produtos Químicos Básicos refletem que os Indicadores de Desempenho Chave (KPIs) subjacentes a um SLB, ou mesmo a estratégia de transição de toda uma empresa, poderiam ser certificados.
Clique aqui para mais detalhes sobre o que isso significa. Adoraríamos seu feedback.
Por que buscar a Certificação para seu título de transição?
A Certificação da Climate Bonds permite que os emissores demonstrem ao mercado que seu título atende às melhores práticas do setor para a mitigação e adaptação e resiliência às mudanças climáticas, bem como para a gestão dos recursos e transparência.
A certificação indica aos investidores que foi realizada a devida diligência climática sobre os ativos ou empresa na qual estão investindo - uma forma robusta e confiável para que esse título, seja um título de transição ou um título vinculado à sustentabilidade (SLB), possa entrar no mercado.
Os benefícios da emissão de um Título Climático Certificado incluem:
- diversificação do investidor (emissores de gestão de resíduos podem atrair novos investidores através da certificação)
- maior engajamento dos investidores
- a aderência do investidor (investidores que compram Títulos Climáticos Certificados tendem a comprar e segurá-lo)
- reputação fortalecida (a certificação demostra o compromisso de fornecer uma infraestrutura de baixo carbono)
- liberação de balanços.
Uma lista completa de Certificações sob o Climate Bonds Standard pode ser encontrada aqui. Verifique também nosso novo serviço de Certificação Fast-Track, um processo online passo a passo disponível para potenciais emissores e verificadores.
Os candidatos que buscam a certificação também devem atender às exigências de relatórios e transparência do abrangente Climate Bonds Standard V3.0 (uma atualização para a V4 está em andamento).
Processo de desenvolvimento de critérios
Para desenvolver os Critérios, a Climate Bonds reuniu um Grupo de Trabalho Técnico (TWG) que consistia em especialistas internacionais de universidades, bancos multilaterais de desenvolvimento e consultorias, liderados por um Consultor Técnico Principal.
A produção do TWG foi revisada por um Grupo de Trabalho da Indústria (IWG) com representação das partes interessadas, investidores e emissores da indústria.
Uma lista completa dos membros do TWG e do IWG para cada setor pode ser encontrada na página de produtos químicos básicos no site da Climate Bonds.
Agradecimentos e reconhecimentos
Os critérios químicos básicos estão entre os primeiros de uma nova série de critérios específicos do setor, projetados para facilitar a transição industrial. Os critérios para aço e hidrogênio estão atualmente em desenvolvimento e estarão disponíveis para certificação antes do final do ano.
A Climate Bonds estende seus sinceros agradecimentos aos dedicados membros do TWG e do IWG por seu papel instrumental no desenvolvimento dos Critérios de Cimento e Produtos Químicos Básicos.
Até a próxima vez,
Climate Bonds
