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O caminho a COP30 

A mobilização de capital privado pode entregar o que promete no roteiro de Baku a Belém? 

Published: 09 Oct 2025

O recente relatório Sustainable Debt Global State of the Market H1 2025 nos trouxe uma visão abrangente do mercado de finanças sustentáveis no primeiro semestre de 2025 (em inglês, H1 2025) e apontou os próximos passos cruciais e as principais áreas de debate que afetarão o mercado de finanças sustentáveis no curto prazo. E, à medida que nos aproximamos dos últimos meses do ano, todos os caminhos levam a Belém. 

  

O que esperar da COP30 

Em novembro de 2025, a COP30 será realizada em Belém do Pará, Brasil, oferecendo ao país anfitrião a oportunidade única de destacar soluções climáticas fundamentais para proteger seus recursos naturais e paisagens, em especial a Amazônia. 

Marcando 20 anos desde o Protocolo de Kyoto e 10 anos desde o Acordo de Paris, o foco deste ano estará nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, da sigla em inglês) atualizadas de cada país. Há um chamado por compromissos mais ambiciosos: garantir que as metas de redução de emissões sejam compatíveis com a ciência climática, abordar os impactos socioeconômicos das mudanças climáticas sobre populações vulneráveis e desbloquear o financiamento climático. 

  

Áreas-chave de discussão na COP30 que impactam as finanças sustentáveis 

Adaptação e Resiliência 

Ampliar os investimentos em adaptação e resiliência (A&R) é fundamental para evitar grandes perdas econômicas e sociais, já que apenas 14% do financiamento climático atualmente é destinado a resiliência. 

Os Critérios de Resiliência do Climate Bonds Standard, apoiados pelos Princípios de Resiliência Climática e pela Taxonomia de Resiliência da Climate Bonds, definem o que é um investimento credível em A&R e fornecem critérios claros para que emissores possam Certificar projetos que ajudem pessoas, ativos e ecossistemas vulneráveis a resistir aos impactos das mudanças climáticas, contribuindo também para a mitigação onde necessário. 
 

Agricultura e Desmatamento  

De secas a inundações, os produtores rurais já sentem os efeitos das mudanças climáticas. A COP30 dará destaque ao papel do setor de agricultura, florestas e uso da terra (AFOLU) na mitigação e na resiliência climática. 

O setor agroalimentar é responsável por 35% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE), incluindo 21% oriundos da produção e 42% do metano. Transformar toda a cadeia de valor — da produção ao consumo e descarte — é essencial para enfrentar a crise climática e garantir um futuro habitável. 

O Climate Bonds Agrifood Transition Framework oferece um caminho de alinhamento às orientações globais de transição, classificação de empresas de acordo com seu nível de prontidão e exigências de ações de curto prazo, além da supervisão do conselho e relatórios transparentes. Os Critérios Setoriais (por exemplo, de Produção Agrícola e os Critérios para Originação de Produtos Agroalimentares Livres de Desmatamento e Conversão) estabelecem regras claras para elegibilidade de títulos e empréstimos, permitindo que investidores apoiem cortes de emissões, remoções e cadeias de abastecimento positivas para a natureza. 

  

Tropical Forest Forever Fund 

O Tropical Forest Forever Fund (TFFF) foi apresentado pelo governo brasileiro durante a COP28 em Dubai e será uma das principais prioridades de financiamento da presidência brasileira da COP30. 

Seu modelo de financiamento combina investimentos públicos e privados, buscando mobilizar cerca de USD 4 bilhões por ano para serem distribuídos entre países com florestas tropicais. O fundo opera como um fundo de investimento baseado em resultados, que recompensa a manutenção das florestas em pé, em vez de compensar o desmatamento evitado. 

Durante a London Climate Action Week de 2025, o TFFF fortaleceu parcerias globais e reafirmou seu papel como elo entre os setores público e privado para a ação climática e a proteção da biodiversidade. 


Investimentos na Redução do Metano 

O metano é responsável por 30% do aquecimento global desde a Revolução Industrial e é o segundo maior contribuinte para o aquecimento, depois do dióxido de carbono. Apesar de sua vida curta na atmosfera, é extremamente potente, o que significa que reduções rápidas nas emissões de metano podem ter um impacto significativo no aquecimento global antes de 2030, ajudando a evitar mudanças climáticas catastróficas e pontos de inflexão climática. 

Na metade do caminho para atingir a meta do Global Methane Pledge de reduzir em 30% as emissões antropogênicas de metano até 2030, a COP30 será um momento decisivo para avaliar porque o combate ao metano ainda não recebeu a devida atenção e investimento e para explorar oportunidades de ação rápida. 

O guia de políticas de metano da Climate Bonds oferece recomendações práticas para que formuladores de políticas possam catalisar o aumento do investimento na redução de metano. 

  

Interoperabilidade de Taxonomias 

As taxonomias de finanças sustentáveis funcionam melhor quando baseadas em princípios científicos comuns. 

Após a divulgação do roteiro para uma taxonomia verde global liderada pelo Banco Central do Azerbaijão na COP29, os esforços na COP30 estarão focados em garantir a interoperabilidade global das taxonomias, um fator essencial para permitir investimentos climáticos transfronteiriços. 

A Climate Bonds, em parceria com a UNEP FI e a PRI, está desenvolvendo princípios de interoperabilidade que se baseiam nos princípios do G20 Sustainable Finance Working Group (SFWG). Esses princípios apoiarão a implementação de taxonomias nacionais interoperáveis que formam a base de políticas robustas de finanças sustentáveis. 

  

Conclusão 

A COP30 em Belém será um teste crucial para verificar se o capital privado pode transformar ambição climática em ação concreta. Os debates centrais incluirão a ampliação do financiamento para adaptação e resiliência, a transformação dos sistemas agroalimentares e a  redução de emissões ligadas ao metano, apoiados por iniciativas como o Tropical Forest Forever Fund e a interoperabilidade das taxonomias de finanças sustentáveis. 

Com NDCs atualizadas e colaboração global em jogo, a COP30 será determinante para que ambições climáticas se convertam em políticas, investimentos e parcerias reais para proteger o planeta e suas populações. 

Para conhecer as expectativas do Climate Bonds para a COP30, assim como os principais dados do mercado de dívida sustentável no H1 2025, clique aqui.

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